Você acredita na realização do amor Platônico? Então leia esta crônica!!!
Era carregador de feira-livre! Apresentava-se como um Silva! Destes que por ventura poderia até ser um dia presidente, bem como ser um Batista o santo do Rio Jordão. João Batista da Silva era a sua graça de registro, mas quis o destino que fosse conhecido por João Gostoso. Quando criança tinha buchechas gordinhas e as vizinhas gostavam de aperta-las e diziam ser gostoso apertar a carinha do menino. De João da buchecha gostosa, passou no carrear dos anos para João Gostoso.
Morava no morro da Babilônia num barracão sem número. Como toda a vizinhança não era reconhecido pelo Estado como gente. Ali cresceu gostosamente. Quando homem? De gostoso só ficou o apelido. A vida tinha sido muito severa com ele. Quando criança não tinha muita cabeça para estudar, mas, segundo a mãe, dava graças a Deus, porque seguiu o lado bom do fluxo do morro: trabalhar, trabalhar e trabalhar! Era arrimo de família. Pesava sobre seus ombros o ônus dos dependentes.
João parecia competir com o Sol. O astro maior nem havia acordado e o João já estava em pé. Trabalhava todas as manhãs nas feiras-livres da redondeza! Não era um emprego fixo e muito menos o seu salário, de fixo mesmo só lhe era a meta: Sustentar a mãe e aos irmãos. De manhã nas feiras e à tarde descarregava pedra de mármore dos caminhões de uma loja de material de construção até as oito da noite, quando tinha, quando não, à pé, entregava compras para um supermercado nos apartamentos da redondeza!
Nunca reclamou de canseira, mas já fora visto deitado em cima das pedras de mármores brancas descansando como um defunto. Após o trabalho seguia para casa, porém antes passava no bar para ver os amigos e conversar um pouco. Tomava um cachaça e trocava algumas ideias repetidas com os frequentadores do barzinho. Pouco falava, mas seu coração era de Raquel sua vizinha. Mulata sambista, dengosa, faceira e estudante do ensino médio. Sonhava em ser uma psicóloga!
João parecia competir com o Sol. O astro maior nem havia acordado e o João já estava em pé. Trabalhava todas as manhãs nas feiras-livres da redondeza! Não era um emprego fixo e muito menos o seu salário, de fixo mesmo só lhe era a meta: Sustentar a mãe e aos irmãos. De manhã nas feiras e à tarde descarregava pedra de mármore dos caminhões de uma loja de material de construção até as oito da noite, quando tinha, quando não, à pé, entregava compras para um supermercado nos apartamentos da redondeza!
Nunca reclamou de canseira, mas já fora visto deitado em cima das pedras de mármores brancas descansando como um defunto. Após o trabalho seguia para casa, porém antes passava no bar para ver os amigos e conversar um pouco. Tomava um cachaça e trocava algumas ideias repetidas com os frequentadores do barzinho. Pouco falava, mas seu coração era de Raquel sua vizinha. Mulata sambista, dengosa, faceira e estudante do ensino médio. Sonhava em ser uma psicóloga!
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro. Naquele dia, já ao levantar, João percebia-se estranho. A notícia da noite anterior não lhe fizera muito bem: Raquel estava grávida do ex-namorado! Não era o que queria para a moça, seu sonho era outro: ser feliz para sempre como nos contos de fadas. Mas o que fazer? Amava a garota, entretanto não era correspondido. Ficou com dó da jovem e arriscou até uma investida. Assumiria o filho e a amaria por toda vida! E o problema seria resolvido! A resposta foi negativa e bem veemente a ponto de não sair-lhe da mente aquela semente de odio, de ser um sem mente e até se considerava um demente por não ter tratado da mente nas escolas do bairro!
Bebeu. De tudo que tinha no bar ele provou. Passou da pinga ao conhaque num respirar e até wisky não desprezou, tudo que era líquido bebeu, até sólido, se virasse liquido beberia , se nele colocassem alcool. Não falou para ninguem do seu problema. Apenas bebeu. Às vezes brindava ao amor platônico! As pessoas não entendiam o que seria platônico, mas ele sabia muito bem, porque ouviu de uma freguesa do supermercado a expressão quando esclarecia o significado para uma amiga! Foi uma aula e tanto! Foi um momento revelador! aprendeu que a sua doença era amor platônico! Algo muito mais grave que um Câncer ou até mesmo a Aids. Estas duas desgraçadas vêm e aniquila e mata! A amor platônico aniquila, mas não mata, ele é pior. Judia muito!!
Cantou. Para todas a mulheres ofereceu o seu amor! Para os seus amigos o dedicou também. Para a bebida ofereceu a vida! Subiu na mesa balbuciou um discurso. De sua boca apenas saiu alguns monossílabos e quando conseguia produzir algumas palavras de mais sílabas, eram inaudíveis bem próximos de rugido animal. Era uma cena comovida para quem via e para quem o conhecia não encontrava na imagem nada de gostoso em ver o coitado embriagado daquele jeito. Havia até alguns olhares de espanto, uns diziam que ele estava possuído pelo demônio. Para outros não era o demo! Mas com certeza era grave o caso!
Dançou. Demorou para o João perceber que naquele dia tinha música ao vivo. Dois amigos do dono do bar haviam resolvido tocar e cantar algumas toadas sertanejas! E numa delas retrataram sem perceber a vida de João:
" Meu coração tá pisado como a flor que murcha e cai, pisado pelo desprezo de um amor quando desfaz, deixando a triste lembrança: O adeus para nunca mais!"
Mandou vir uma cachaça pegou a Arminda que estava sentada na cadeira já quase dormindo e sairam dançando ao som e da melancolia destas palavras melódicas
" O amor nasce sozinho, não é preciso planta, o amor nasce no peito, farsidade é no oiá, você nasceu para outro e eu nasci pra te amar"
As frases musicais berravam em seu ouvido. Eram como torturas psicológicas em tempo de guerra. A guerra ocorria dentro dele. Era uma confusão só! O inimigo era ele mesmo. O invencível nimigo era seu coração. Tinha pisado na bola e perdeu o gol na cara do goleiro! O juiz apitou o final do jogo! Não dava mais, não havia prorrogação! Tudo perdido! Nadou, nadou e morreu na praia...
Cantou. Para todas a mulheres ofereceu o seu amor! Para os seus amigos o dedicou também. Para a bebida ofereceu a vida! Subiu na mesa balbuciou um discurso. De sua boca apenas saiu alguns monossílabos e quando conseguia produzir algumas palavras de mais sílabas, eram inaudíveis bem próximos de rugido animal. Era uma cena comovida para quem via e para quem o conhecia não encontrava na imagem nada de gostoso em ver o coitado embriagado daquele jeito. Havia até alguns olhares de espanto, uns diziam que ele estava possuído pelo demônio. Para outros não era o demo! Mas com certeza era grave o caso!
Dançou. Demorou para o João perceber que naquele dia tinha música ao vivo. Dois amigos do dono do bar haviam resolvido tocar e cantar algumas toadas sertanejas! E numa delas retrataram sem perceber a vida de João:
" Meu coração tá pisado como a flor que murcha e cai, pisado pelo desprezo de um amor quando desfaz, deixando a triste lembrança: O adeus para nunca mais!"
Mandou vir uma cachaça pegou a Arminda que estava sentada na cadeira já quase dormindo e sairam dançando ao som e da melancolia destas palavras melódicas
" O amor nasce sozinho, não é preciso planta, o amor nasce no peito, farsidade é no oiá, você nasceu para outro e eu nasci pra te amar"
As frases musicais berravam em seu ouvido. Eram como torturas psicológicas em tempo de guerra. A guerra ocorria dentro dele. Era uma confusão só! O inimigo era ele mesmo. O invencível nimigo era seu coração. Tinha pisado na bola e perdeu o gol na cara do goleiro! O juiz apitou o final do jogo! Não dava mais, não havia prorrogação! Tudo perdido! Nadou, nadou e morreu na praia...
Para a coitada da Arminda foi uma delícia! Do nada, rejeitada pelos homens do local, naquele instante passou a se sentir uma princesa, mesmo que o seu príncipe, por hora apresentado tivesse caído do cavalo e perdido o alazão e com ele, também, a razão! Mesmo que o álcool fosse o piloto daquela cabeça em desvarios. Para ela, o importante era um homem ao seu lado! Não conhecia o teatro municipal, nem por fotografia, mas era como se estivesse nele dançando e cantando em uma famosa opera. João beijou-a como se desse uma bicada gostosa no copo de pinga. Foi a maior maravilha para a desarmada Arminda . Já... há muitos meses que nem se lembrava o que era aquilo. Sentiu alguns arrepios estranhos no corpo. Haviam algumas partes da sua pele que ainda lembravam do que é sentir um corpo a corpo! Não estava, ainda, totalmente alejada dessas sensações! Ela bebeu, cantou e dançou e nem percebeu que João a largara sentada na calçada à espera do sol de um novo dia, tanto aqui na terra como no céu! Amém.
Depois. João ainda perambulou trêbado pelas ruas, chutou algumas latas, lixos e luxos. Foi então que na iluminada água da lagoa, viu a imagem de Raquel!! O seu grande amor até que enfim o chamara!! O Destino Lia, em Manuel Bandeira, num Poema tirado de uma notícia de jornal: se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
Depois. João ainda perambulou trêbado pelas ruas, chutou algumas latas, lixos e luxos. Foi então que na iluminada água da lagoa, viu a imagem de Raquel!! O seu grande amor até que enfim o chamara!! O Destino Lia, em Manuel Bandeira, num Poema tirado de uma notícia de jornal: se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
(Manuel Bandeira poemou e Santiago Derin Proseou)
Aqui é o Jazigo da vida e do sonho do eterno João Gostoso!!!
Ah João... Pobre João.
ResponderExcluirObrigada pela visita no Vento e Chuva, volte sempre.
Olá.
ResponderExcluirVim lhe retribuir a visita.
Obrigada e volte sempre
Adorei seu texto e muito grata pela sua visita.
ResponderExcluirVolte sempre e se quiser conheça o Raposo, meu outro blog.
(http://cronicasdoraposo.blogspot.com)
Bjão
Oi passei por aqui para retribuir a visita e adorei!!!!
ResponderExcluirObrigada e apareça sempre!!!
Abraços
O texto me prendeu do começo ao fim... rs...
ResponderExcluirBom!
Bj!
...muito bom
ResponderExcluirmeu compadre!!!
o balaio te recebe
com a tampa escancarada
aquele abraço
gostei muito do texto joão gostoso! desculpa a invasão. tava na net e ví seu blog. o meu espaço é sobre história imperial q é minha grande paixão. se puder faça uma visita.
ResponderExcluirabraços
leandro.
Gostoso o conto e bem escrito. A forma de o colocar no papel leva-nos a uma viagem na tela da vida de João. O amor platónico na verdade existe dentro de cada um de nós numa utopia de um sonho de uma auto estrada da vida cuja entrada não encontramos, limitando-nos a seguir por estradas veredas e caminhos tantas vezes cheios de pedregulhos onde tropeçamos, mas sempre na esperança de encontrarmos a entrada para uma viagem tranquila. Na serenidade das águas da lagoa e em completa paz João jaz.
ResponderExcluirAbraço
Fiquei pregada ao texto. Linda história de amor.Passei e fiz uma visita que adorei mesmo.Um abraço.Se quiser pode fazer uma visita no meu blog. Obrigada.
ResponderExcluirAmigo,
ResponderExcluirQuem não teve ou tem um amor platónico?
Gostei, vou voltar...
Também há coisas novas no Régis D´Arte
Abraço
Régis
Amigo,
ResponderExcluir«A vida...não há nada mais importante do que a vida, porque ela contém em potência todas as possibilidades. um homem possui dons extraordinários, mas, se ele desmaiar, é como se não possuísse nada. Reanimai-o e ele reencontrará todas as possibilidades. Cada um pode desenvolver em si os maiores talentos, mas se a vida o deixar, é como se ele nunca tivesse tido nada. Nunca é à vida que as pessoas dão importância. Elas querem obter um prazer qualquer, e para o obter, não só estragam a vida, que é o seu bem mais precioso, como ainda cortam a ligação com a vida divina, o que é o meio mais seguro de caminhar para a morte, primeiro a morte espiritual e depois a morte física.»
in Pensamentos Diários de Omraam
Abraço
Mer
Amigo,
ResponderExcluir«A vida...não há nada mais importante do que a vida, porque ela contém em potência todas as possibilidades. um homem possui dons extraordinários, mas, se ele desmaiar, é como se não possuísse nada. Reanimai-o e ele reencontrará todas as possibilidades. Cada um pode desenvolver em si os maiores talentos, mas se a vida o deixar, é como se ele nunca tivesse tido nada. Nunca é à vida que as pessoas dão importância. Elas querem obter um prazer qualquer, e para o obter, não só estragam a vida, que é o seu bem mais precioso, como ainda cortam a ligação com a vida divina, o que é o meio mais seguro de caminhar para a morte, primeiro a morte espiritual e depois a morte física.»
in Pensamentos Diários de Omraam
Abraço
Mer
Eu acredito no amor platónico...
ResponderExcluirmas não me quero crer...
Abraço
Olá! Legal seu texto. Amor platônico existe mesmo, eu acho... Obrigada pela visita ao meu blog. Abraço
ResponderExcluirOlá, estou gostando muito de ler seus blogs! Bom mesmo.
ResponderExcluirAproveito e agradeço a visita!
Beijos
Bom, não vou morrer de amor mas, ..." Meu coração tá pisado como a flor que murcha e cai, pisado pelo desprezo de um amor quando desfaz, deixando a triste lembrança: O adeus para nunca mais!"
ResponderExcluirBeijos e obrigada pela visita.
Vera
Tem um carinho, Muito especial para vc. no Blog da Curiosa.
ResponderExcluirTe espero lá.
sandra
Vim deixar minhas impressões ! rs
ResponderExcluirPrimeiro , agradeço sua visita no meu blog . Espero que tenha gostado do que leu , e depois parabenizar pela sua escrita . Simples e perfeita ! Adorei ! (:
Um beijo !
Vim até aqui retribuir sua visita.
ResponderExcluirApareça sempre que quiser.
Boa semana pra você!
Ademar, muito obrigado pela sua visita no Blog.
ResponderExcluirJa sou seu seguidor.
Paz e Bem comapanheiro.
Parabéns pelo blog.
Abraço.
e eu fiquei tão feliz com tua visita...
ResponderExcluirObrigado por ter tirado um tempinho pra mim :D..
e q cronica viu?
Suspeito q sofro de um amor platonico :§
Abraços...
bom estou aqi retribuindo sua visita em meu blog... espero q volte sempre qe qiser, frequentarei o seu td a vez q puder tbm... abraço!
ResponderExcluirO Amor Platônico é uma perigosa armadilha. Não há maneira de não sofrer.
ResponderExcluirGostei da estória.
Obrigada pela visita.
Abração.
Salve, salve, professor!!!!
ResponderExcluirMe sinto muito honrada com sua visita a meu Blog!!!
Volte sempre, participe, pois o espaço se estende a você!
Um abraço
Antes de mais nada: OBRIGADO pela visita ao Espaço de Eos. Quanto ao texto pude sentir a angustia de Silva. É maravilhoso.
ResponderExcluirGostei...gosto de histórias de amor com final feliz ;)
ResponderExcluirEle finalmente encontrou Raquel o amor da sua vida.
Dias com brisas mansas*
Que história! Só o final não me agradou, mesmo que a lagoa seja linda, a vida é muito mais...
ResponderExcluirlindo domingo
abraço
Parabéns pelo belísimo espaço.
ResponderExcluirUm grande abraço.
João,João bobo!!
ResponderExcluirLinda a Lagoa...triste o conto...
Eu acredito no amor platônico!Mas...
hummm....não morro por ele rss..
Parabéns pelo conto,e aproveito do
ensejo para desejar sucesso ao seu filho
e a banda Pedra1....é isso aí...
abraços da Mângela.
OI,Ademar,estou de volta por aqui tb.Um amor impossível,pior que existem muitos por ai assim.
ResponderExcluirVocê como ninguém,consegue retratar com perfeição e muita observação,o cotidiano de suas personagens.Obrigada por mais essa. Bjo grande