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Num barco, no mar revolto de palavras

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sábado, 14 de fevereiro de 2009

Na Verdade a Mentira nem existe!

Voce já mentiu? Não fique nervoso! Veja o porquê logo abaixo!!!

Na verdade a mentira nem existe!

Na verdade a mentira nem existe. Tem mentira que se torna verdade. Ela já nasceu verdade apenas precisou do tempo e das pessoas para solidificar. O filosofo sertanejo João Carcule já dizia isso ao seu cachorro Toroosco e ao seu burro Libuno. O que há é uma focalização bifurcada do olhar. E completava: “Acontece que vivemos num mundo virtual e a palavra não dá conta de referir-se a totalidade dessa realidade”.

Uma pessoa que inventa história, não pode ser chamada de mentirosa, ela está calçada na realidade vista pelo seu ângulo ou até mesmo por seguir o um dos recursos literário da criação: o ponto de vista. Um advogado sabe quantas verdades e quantas fantasias já foram consumadas como real dentro de um processo criminal.

Era outubro. Era dia da criança. Um pai saiu de casa para cumprir o papel social ditado pelo consumismo: presentear o filho naquele dia. Lá foi ele pela estrada a fora como uma ovelha a ser devorada pelo lobo no cadafalso capitalista. Pegou o seu vale transporte subiu no coletivo, como sempre lotado. O filho puxado a reboque pela mão como um cãozinho na coleira, seguia ao pai num vai-e-vem entre os passageiros. Seus olhinhos esbugalhados revelavam duas razões: o medo e a alegria.

A primeira era a de se perder naquelas várias pernas adultas na frente de si, pela sua visão era uma floresta de pernas tecidas com todas as cores ditadas pelos estilistas da massa. Esta visão o impressionava e nem imaginaria que tantas pernas fossem empecilhos. As pernas sempre lhe favoreceram, agora essa realidade era nova e para ajudar a mão do pai, que sempre foram de confiança, naquele momento, suada não lhe dava segurança de uma boa viagem, assemelhavam o avião da TAM na aterrizagem na pista de Congonhas. A segunda era de alegria, entretanto somente quando pisou o primeiro degrau do ônibus. Depois? Foi uma outra historia. A emoção escondia-se no seu interior.

Caro leitor, ao olhá-lo por dentro qualquer um veria o coraçãozinho palpitar, nem era tum-tum com duas baquetas numa bateria musical, pareciam três. Duas para o medo e uma para o helicóptero: seu brinquedo, seu sonho de consumo.

O olhar das pessoas incomodadas, gerado por aquele enroscar de pernas no moleque, provocava um mal estar nos passageiros e no menino, para o seu repertório de lembranças assemelhava-se ao primeiro dia de aula na série primeira. Os dentes a mostra dava idéia de sorriso, porém era puramente a antítese barroca em pessoa. Acomodados num espaço pequeno num canto do coletivo e agarrados um ao outro. Um ligado pelo carinho paterno e o outro grudado pela cola da insegurança.

Um sorriso, agora de alegria, espalhou-se pela face do menino. Soube, pelo pai, que desceria na parada seguinte, portanto estaria próximo da aeronave. Dito e feito, a calçada já estava sob os seus pés, as sua pernas e as outras agora aliviadas. As dos outros seguiam o motor do ônibus, as dele para loja de brinquedos Roberto Presentes.

Na loja não tinha muita gente e nem que tivesse, já tinha na experiência do menino a luta na selva de pernas. Entraram e foram atendidos prontamente pelo vendedor:
- Posso ajudá-lo?
- Você tem helicóptero?
- Temos uma grande variedade, venha comigo!!!

O filho, agora, assumiu o comando, segurou a mão do pai e este, a reboque do menino, seguiu-os até o local. Os olhinhos do projeto de gente não paravam, eram como lentes paparazzos. Focalizavam e registravam tudo. Depois em casa, revisitaria as imagens e estas processadas e algumas até imprimidas e com certeza iriam para a lista de opções de presente no natal. Chegaram ao local.

O funcionário pegou o brinquedo e entregou ao pai. O homem olhou, analisou, torceu o nariz ao ver o preço na etiqueta e perguntou:
- Este helicóptero voa?

Nem precisou da resposta do vendedor. A mão do menino cresceu de repente e tomou de assalto o helicóptero, ergue-o numa altura acima da cabeça e com um barulho muito extrovertido provou ao pai e aos estranhos que o brinquedo não só voava como também já se tornara um especialista em pilotagem. Adquirira da escola da imaginação um brevê com parabéns e louvor.

O pai pagou o brinquedo e saíram da loja a pé, minto só o pai, o filho tomou um helicóptero. De volta para casa, no coletivo, nenhuma perna de adulto o atrapalhava, ele estava por cima, estava agora numa aeronave e mais, era O Comandante.

(Santiago Derin)

Um comentário:

  1. É na verdade a mentira nao é verdade, a mentira sempre sera mentira mesmo dita um milhao de vezes.Em relaçao a dizer que a mentira deende do ponto de vista é mais uma forma de justificar o injustificavel.Oque deve ser feito é exercer justiça e moralidadesendo assim se terá parametro entre verdade e mentira e nao apenas dizer que é relativo. Claro que o protagonista de uma historia da vida real é o centro das atençoes e ele sim vai ver como é que classifica oque é bom ou ruim para sí, mas no momento em que se exercer a justiça e ele for capaz de sair de si e exergar o proximo com os mesmos direitos e sentimentos,sua verdade será universal..um bem universal.

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