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Num barco, no mar revolto de palavras

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quinta-feira, 22 de julho de 2010

B.O. 1013

B. O. 1013

A Delegacia de Polícia estava lotada, era um fim de semana agitado, havia festa de aniversário em todos os bairros pelo visto e digo mais, meu caro leitor, perecia que em todas as ruas daquela pequena cidade continha um aniversariante.

Estava eu sentado em um dos bancos de espera e dali observava todo o movimento daquele plantão. A Rotina parecia pesada. Um bêbado com manchas de sangue no rosto e na roupa originado pela briga numa festa. Um outro, a noiva, numa dança, para fazer charminho o trocara por outro numa dança, o resultado foi uma briga também. Uma senhora para precaver-se de uma bebedeira do marido, tomou-lhe o copo da mão na presença de amigos, não deu outra. Sapecado de cerveja, sapecou-lhe alguns sopapos e acabaram os dois na frente do delegado.

O Dr. bufava em uma sala com uma clientela muito conhecida enquanto eu os outros aguardávamos a nossa vez soou o meu nome na boca do escrivão.

Não havia outra opção, mas enfrentar a fera era o que eu não queria, ainda mais depois que o vi dando uns petelecos no noivo da moça. Enquanto o funcionário colocava os meus dados no B. O. Na sala ao lado ouviu-se uma tremenda gritaria, era um marginal que ao saber que a sua permanência seria na cela 22 revoltou-se dizendo que lá numa outra ocasião sofreu ameaças de morte... Não demorou muito, lá estava eu à frente com um homem bigodudo, entroncado e de óculos escuros.

Trajava terno um terno escuro e sentava-se numa cadeira giratória. A imagem provocava medo para quem não era acostumado a ficar frente a frente com um delegado de policia.

Pedi-lhe licença e entrei. Nem observei se respondeu, sentei-me a frente a sua mesa numa cadeira posta ali e me diminuí o máximo. O escrivão entregou-lhe o Boletim de Ocorrência. O Delegado leu o B.O. silenciosamente a cada linha, não sem antes mirar-me por sobre os óculos com suspeição. Terminada a leitura colocou os papeis sobre a mesa, depositou o seu olhar fixo e demorado sobre mim e atirou-me as primeiras palavras:

- Então o Sr. alega que estava só de carona com o traficante de drogas!

Tremulamente, ensaiei algumas palavras inanimadas:

- É eu pedia carona quando ...

- Basta!

– Disse –me ele – com o olhar agora penetrante que até produzia em mim um mal estar e disparou-me novamente:

- O Sr. É da Cidade de Ribeirão Grande Estado de São Paulo, não é?

Fui responder, mas um gesto seu com uma das mãos me interrompeu e no que prontamente eu o atendi.

- Eu sou de lá! – Disse ele – E conheço bem as pessoas desse lugar, portanto o colega conterrâneo está liberado, mas – Completou ele – não pegue mais carona com desconhecidos, certo?

Fiz um gesto afirmativo com a cabeça e retirei-me da sala, agora mais fortalecido pelo patrício.
(Santiago Derin)

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