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Num barco, no mar revolto de palavras

Um texto só sobrevive, se arrebanhar um leitor!!!!
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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Cervejar é preciso!!

Cervejar é preciso! Viver é apenas um circunstancial!!!

Um violão, uma cerveja, um cantador e algumas letras de músicas, de preferência entre as décadas de 50 a 90, seja ela raiz ou não, é a receita da felicidade estoriana. Desfilam em forma de palavras nas bocas dos sócios e simpatizantes a maioria da obras de nossos maiores compositores. Tudo isso num bar cultural.

Imagine: você sentado no banquinho ou até em pé, não importa a posição, o ouvido é quem capta essas delícias e ainda acompanhadas de uma loira gelada e de um bom papo. Falo em bom papo, porque tem, nesse paraíso, papo para tudo e para todos, desde a conversa fiada até os de grande seriedade.

Cantores, pescadores e outros ores da vida convivem harmoniosamente nesse lugar. Ele não é alem do horizonte como diz o nosso poeta Roberto Carlos, mas bem próximo da gente, quando falo gente, estou falando da significação maior: o ser humano, o ser social, o ser das relações de amizade.

Fecha as segundas-feiras, ninguém é de ferro alguém precisa descansar e esse alguém é o Sr Laércio, carinhosamente chamado de Lalá. Este apelido tem mais a ver com o seu jeito de ser do que com o nome (lembrando que la-la-la-la é sempre um início de uma composição musical). Há uma explicação, ele é dotado de um dom divino: canta muito bem. E tem mais, a sua voz encanta. Até já gravou um CD, já não era sem hora, quanto tempo desse talento já não foi desperdiçado nos microfones da vida?

Tem freqüentadores de todos os tipos, é a representação brasileira em uma mistura raça e credo, bem como de profissões que ali se juntam num mesmo espaço: bilheteiro, professor, vendedor, corretor, político, químico, industrial, comerciante, ferroviário aposentados e outras profissões até mais modernas.

O espaço é modesto e nem deveria ser grandioso, a preocupação não é ostentar grandiosidade na aparência, o que se prioriza ali é a essência. O importante é o ser e o estar feliz, é o caminhar tranquilo nesta árdua construção de ser humano.

Há o grupo de pescadores pantanenses. Enquanto todos, no mês de julho, se encolhem debaixo de suas cobertas, os felizardos estão nos barcos cortando as águas e curtindo a paisagem: um tuiuiú aqui, um jacaré acolá, uma capivara espreitando, uma outra ave mudando de lugar e ainda de quebra levam um barqueiro como cicerone!!! Há também o grupo de aniversariante, são cotistas (rateiam um churrasco mensal em homenagem a reverenciada data natalina) Até alguns avulsos gostam de participar, já teve muita música boa ali, tem até músico formado no conservatório João Batista Julião.


E a música dos parabéns antão! É uma versão bem diferente da tradicional, quem a ouve pela primeira vez fica extasiado. Sinto saudades dos almoços da família trabalhados pelas meninas estorianas, é um almoço sem preocupação de arranjos com muita e antecedência, é só comprar a sua carne e levar a sua salada e você já está no pedaço.

Há também os atletas fim de carreira, que ainda tem um resto de energia pra gastar com o futebol, e se arriscam numa aventura de chutar uma bola aqui outra lá... Uma canela ali, outra acolá! O interessante não é o jogo em si, mas a relação em si, a história criada na hora pelada, o cheiro da churrasqueira a bafo e da loira inquietante e gelada à espera no freezer.


Quer um exemplo? Num dos jogos um atleta foi fazer o aquecimento e se contundiu, o coitado ficou mais de um mês para se restabelecer e suportar a gozação dos colegas, outro caso é a montagem do time. A escolha dos atletas é antiga tira-se o par ou impar e se escolhe o time com os atletas presentes. É aí que mora nó engraçado, ao ficar por ultimo a ser escolhido, um dos grandes nomes do nosso futebol sorocabano foi no momento da escolha, trocado por um outro atleta que ainda estava de porre do banheiro.

Outro dia apareceu o neto de um sócio vestido com a camisa do Corinthians e ouviu a seguinte pergunta: “Seu pai deixou você de castigo, por isso pôs essa camisa em você???” Nem precisou responder, a cara feia do menino já disse tudo!!

Nas quartas-feiras o nosso amigo Maçan exercita até em demasia os nossos narizes de tanto massagear com o cheiro o nosso olfato (poderia até ser perfume, de tão bom) com aquelas carnes bem feitas, maturadas ou qualquer outra que lhe derem a mão, o homem é fera, acho até que, quando criança sofreu com assadura e, hoje, só por pândega, desconta nos bovinos e suínos as agruras da infância, ele entende do riscado, já há até comentários que já foi aluno nota 10 (com estrela) no curso de cozinheiro do Senac.

O truco, então! É uma festa, não o jogo, mas os causos depois, entre gritos e risadas sobram sempre algumas pérolas como, por exemplo, “eu entrei só para o fulano não ser humilhado!!!!” E O Estoril assim vai até...

São poucos sócios... Não precisa muito... A felicidade é para poucos, somente para os que a desejam... E buscam!!!!
(Santiago Derin)

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