Modo de falar
Um dia, estávamos conversando, nós três, sentados na varanda, o sol ia se pondo, a noite vinha chegando e a nossa leitura estava tornando-se difícil. O Modo Imperativo olhou para mim e despachou:
Um dia, estávamos conversando, nós três, sentados na varanda, o sol ia se pondo, a noite vinha chegando e a nossa leitura estava tornando-se difícil. O Modo Imperativo olhou para mim e despachou:
- Modo Subjuntivo, vá buscar o lampião a gás!
- E se eu dissesse que não sei onde está?
- Vá buscar logo e sem delongas!
- E se eu dissesse que estou com medo do escuro!?
O modo indicativo, parecendo de saco cheio com a discussão, atirou-me:
-Você é um dependente mesmo! Bem mostra que vejo do latin “Subjunctivo”, subordinado, só é alguém quando está junto de outros!
- E se eu dissesse que não tenho culpa!?
- E Se... tata-tata-tata, o quê! Vá buscar logo, antes que eu perca a paciência!!!
Bradou o Modo Indicativo e com a cara feia!
Bradou o Modo Indicativo e com a cara feia!
Aquele dia eu pensei que ia apanhar do Imperativo; se não fosse o Modo Indicativo agir, sendo categórico e preciso na demarcação do tempo, o tapa que o outro havia mandado, a essas alturas, eu não tinha mais cabeça. Lindo foi o discurso que o Modo Indicativo fez a meu favor, “Você está exagerando, por que não fez um pedido? A sua regra permite esse comportamento, não precisa agredi-lo dessa forma!... Afinal de contas, fazemos parte da mesma família.”.
Essa argumentação me deixou animado. Mas logo recai com a fala do outro, “Faço parte da família a contragosto, pois eu não me sinto bem tendo um energúmeno como parente. Um ser dependente, um inepto subordinado de origem latina”, ao final da sua fala, fez o pedido:
- O inerte, por favor, pegue o lampião para nós!
- Se o Modo Indicativo fosse comigo, eu traria.
Ele atendeu a minha sugestão, mesmo sem gostar. A luz chegou, iluminou o lugar e as nossas mentes, assim sendo, reinou a paz, até a próxima briga.
(Santiago Derin)
(Santiago Derin)
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