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domingo, 12 de março de 2017

De ponta cabeça (desafio de leitura à moda sertaneja)

De ponta cabeça (desafio de leitura à moda sertaneja)

Eu não sei, eu sou um caipirão do sertão das vereda, daquele do Guimarães Rosa, mais tenho a minha razão. Mais acho que o mundo tá virado de ponta cabeça, até parece coisa de avestruz, que enfia a cabeça no buraco e qué vê com o trazeiro a coisa descambá. Eu sou das antiga e desconcordo dessa picada feita na floresta de pendenga pindurada, que o homem tá criando!

Quem tem mulher namoradeira fica peleiando na cabeça e não toma juízo, prefere tomá um pingão e chorá as pitanga esfregando a barriga no barcão do bar. Ora por que judiá da coitada da barriga esfregando no cheiro de outras dela? Se fosse eu, resolvia a pendenga desse burro empacadô! Chegava a espora nele e fazia ele rebimbá e depois cortava a muié no coro mandava campear o seu vagalume no meio da escuridão.

A roça não pode se perdê no mato! “Mais o fejão cria de tudo” Você pode falá. Mais quarqué pião do trecho se atina, que a roça só melhora, se cabocro cuidá!

No caso de sogra increnquera, por exem, eu dava um laço dobrado e arrastava a cobra na soquera de mio, até saí a casca da venenosa, misturado com o leite do veneno ilamiado de sangue pelo coro! Se eu sô casado então, a muié é minha até que a morte me separe e boi não lambe e nem sogra põe a sua cuié, se a sogra qué por a sua cuié, que ponha na casa da outra fia, porque nesta mando eu.

No meu tempo, quando ia no pagode, o respeito era alí na chincha. Muié e fia fica na medida do laço do zóio do marido. Quem cuida da roça, tem bonança.

Hoje as mocinha da cidade vai no pagode de minissaia com as canela lisa quem nem parmito e se acha que é bonita mostrando as magreza pelos cambitos! Nem sabe sentá direito e cruza perna pra não mostrar as vergonha branca, preta, amarela ou seja lá que cor for, o tamanho da vergonha é tão pequena que nem cobre a vergonha inteira e ainda dão o nome de fio dental. Fio dental é para o vão dos dente e não para o vão das perna. Ora tenha paciência!! Tão perdeno a roça no mato!!!!

A gente tem que tê ciência de que cano de ispingarda não vai torneira, e que porca de parafuso não dá cria! Mão de pilão não joga peteca e que cabo de inxada não tem divisa! Tem que tê ciência que as menina do zóio não tem boneca e que bala de revórve não tem açucre! Se na casa de Joâo de Barro não tem gotera é porque ele cuida e a sua muié toma a sua linha!

Mais o que mais se vê, é todo mundo caí nessa gandaia de balada, de corpo bronzeado e de minissaia. Na parte da frente não tem pano e na parte de trais tamem não tem. Sai sacolejando as anca de um lado pro outro como potranca no cio a desfilá pra todos os zóio gordo da redondeza. Arguns cresce o zóio, que parece binóclo e torce pra ventania levantá o pano do circo pra vê a coisa colorida!

Até na moda sertaneja tão mexendo! Sertanejo universitário, sertanejo da cidade, sertanejo que não é sertanejo. Sertanejo é RAIZ. Só tem hoje, é violero embruião que fica quebrando verso pra enganar no vazio da canção, olhe isto:

“ Sem você do meu lado
sou um cara estressado,
com você eu sô otro
eu quero ser o seu potro,
vô escrevê um lindo verso
no verso da suas costa,
só pra vê se você gosta”

Isso é verso que apresenta?

Esse violero embruião,
eu ponho na parma da minha mão
e fico batendo parma até aprendê fazê versos bão!

A gente tem que cuidá da roça ou vai perdê a roça no mato.
(Santiago Derin)

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