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Pseudônimos

Num barco, no mar revolto de palavras

Um texto só sobrevive, se arrebanhar um leitor!!!!
Um leitor só existe, se alguém escrever!!!


segunda-feira, 31 de maio de 2010

A virose !!

- Por que essa cara, Professor?

- Seu texto está doente...

- Como?? Não sabia que existia doença num texto!

- Seu texto está acometido de queísmo e o caso é grave.

- O estado dele é grave... quem imaginava isso...

- Nada que uma boa dose de atenção e alguns exames não resolvam!

- Nunca ouvi falar dessa doença!

- São várias as doenças e bem comum entre alunos do Ensino Fundamental e até, quando não bem tratadas, resistem até o Ensino Médio...

- Alguns textos já morreram por causa dessa doença?

- Sem dúvida! Alguns não conseguiram ser lidos nem até a metade!

- E como morre um texto?

- Morre no abandono, morre à mingua, corroído pelas traças ou sucumbe no lixão.

- E quais são os sintomas de um texto com essas doenças?

- É comum esses textos apresentarem o uso excessivo do “que” e do “mas” e até do “mais”, o que denota uma falta de atenção muito grave de quem está construído o texto, revela uma falta de leitura do próprio rascunho. Vejamos o seu texto, por exemplo: “ Ele gostava do brinquedo, “mais” o deixava de lado.” - Nesse trecho já aparece um sintoma grave...

- Sério??

- Perceba que estamos diante de um Período Composto (duas orações) e que tem, como elemento de ligação das orações, uma conjunção que estabelece um ideia de contrariedade, portanto uma “conjunção coordenativa adversativa” o “mas” e se verificarmos na frase veremos que você não passa ao leitor a idéia de contrariedade: a pessoa gostava do brinquedo, porém, por um motivo ou outro, deixava-o de lado. Assim sendo, no seu texto ao aparecer a palavra “mais” mudou o sentido. Ela tem outra função, não a de estabelecer a contrariedade.

- É isso mesmo, Professor, eu nem tinha percebido!

- Tecnicamente chamamos isso de influência da oralidade, o grande vírus causador dessas doenças...- O que é essa tal de oralidade, Professor?

- É o falar coloquial, usado pela pessoas no cotidiano, é perceptível na fala de qualquer indivíduo...

-Então todos têm vírus, até o Professor?

-Sim, e por isso é preciso estar atento e não deixa-lo tomar conta da linguagem escrita. Mas essa situação é mais acentuada entre os alunos de classes sociais menos favorecidas.

- Por quê?

- Porque não há uma preocupação com as regras da língua, e isso acaba influenciando a linguagem escrita. Normalmente, os estudantes dessas classes têm pais com baixa escolaridade, por isso lêem pouco, não assinam jornal e tem pouco contato com outro veículo de informação, a não ser a TV, que nesse sentido ajuda pouco. Assim o nível de informação é menor e os erros na linguagem escrita tornam-se constantes, pois são repetições da linguagem oral.

- E não tem solução?

- Do jeito que anda a educação e a situação econômica é bem provável que o problema se mantenha como uma herança de geração para geração.

- Hum...Entendo! Puxa é importante essa questão da linguagem escrita. Mas voltando ao meu texto o que mais ele tem Professor?

- Bem ele apresenta ainda o uso excessivo da conjunção “mas”, onze vezes! O que chamamos de texto sanfona: um vai-e-vem provocado pelas contrariedades expressas por essa conjunção. Os alunos que fazem esses textos são verdadeiros sanfoneiros...

- É o meu caso!...

- Sem dizer que o seu texto apresenta o “queísmo”: O exagero no uso dos quês.

- O que é que tem? A oralidade de novo?

- Sim. Veja bem, essa palavra é usada como um facilitador mais importante na comunicação, pois uma de suas principais funções é a de relacionar com os outros ou com os termos anteriores. Em gramática é chamado de pronomes relativos...

- Relativo a algo, significa palavra anterior!?

- Isso mesmo, mas pode aparecer com outras funções, na verdade são 27 funções segundo o Professor José Perea Martins.

- Nossa! Que palavra importante!!

- Ela é tão importante que, para usa-la, devemos pensar se realmente ela é necessária naquele lugar, pois poderemos precisar dela com uma importância maior em outros trechos.

- Sabe Professor a partir de hoje, vou prestar mais atenção nas aulas de Redação. Até então eu só copiava os rascunho, nem ligava para o “quê” e o “mas” da vida...

- Pois então comece agora!

- Com prazer Professor!

- E com poucos “quês” !!
(Santiago Derin)

6 comentários:

  1. Ademar,
    Qto tempo não?
    Gostei do texto... Tem tudo a ver...Olha, agora estou dando aulas e vejo o quanto vc disse é verdade... As redações que ando corrigindo estão horríveis... Mas ainda, poucos sobrevivem ao fato.
    Como fazer com que os jovens se interessem pela redação?

    Abraços

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  2. PARABÉNS PELO SEU TEXTO. COMO SEMPRE NOS SURPREENDENDO.
    MEU QUERIDO AMIGO, FIQUEI TÃO FELIZ COM A SUA VISITA. DESCULPE A DEMORA. MAS ANDO MESMO SEM TEMPO. O TRABALHO É MUITO.
    MAS VIM TRAZER TAMBÉM O MEU ABRAÇO. VOLTE SEMPRE. VC MEU PRIMEIRO AMIGO VIRTUAL. NUNCA ESQUCEREI DE TI. VOCÊ E A MYLLA, MEUS DOIS PRIMEIROS CONTATOS QUE DERAM ASAS A ESTE MUNDO MARAVILHOSO DO BLOG. MUITO OBRIGADA MEU DOCE AMIGO ADEMAR.
    CARINHOSAMENTE
    SANDRA

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  3. Gostei tanto do texto que, sem “queísmo”, pretendo compartilhar no "Mexaletras". =)
    Parabéns pela forma de divulgar suas ideias!

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  4. Olá! Tenho continuado a ler os seus textos e vou pensando, eu também, sobre esta tarefa às vezes difícil, cansativa, de ser professor. Um bem haja para si!

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  5. Parabéns, Ademar!!
    Riquíssimo o texto. Gostei da forma como expressou suas ideias.
    Continue escrevendo e nos contemplando com tão belas palavras.
    Um abraço,
    Jussiara.

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  6. Com queísmo ou sem ele, ser professor é tarefa difícl para ensinar as grafias do rol de palavras (acima de dois milhões)do idioma português. A ONG Alfabeto Sem Palavras propõe
    uma simplificação profunda em seu sistema gráfico.
    Veja: www.alfabetosemamarras.org
    Obrigado. José Perea Martins. Presidente.
    Meu e-mail: jose.perea@uol.com.br

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